domingo, 9 de dezembro de 2007


Um cara através do vidro meio opaco de sujeira que separa os vagões, me deixa aflito porque se parece muito comigo. Ele está me olhando. O encaro até que sinto como se tivesse engolido uma folha seca e desvio os olhos. Sou tão indeciso que bobeio na plataforma antes de embarcar, não sei que vagão tomar. Já perdi um trem por isso. E outras coisas...

Devia ter entrado no outro, para olhar bem pra cara desse sujeito. Me sentaria ao seu lado e cuspiria na minha face de idiota que ele tem. O secaria com minha manga e pediria desculpas quando olhasse através da vidraça e visse minha expressão de curiosidade atrevida e deseducada do lado de cá. Não era mesmo eu, estive aqui o tempo todo.

O tempo todo é suficiente para desaprovar minhas atitudes. O meu inferno é me dar conta. Eu sempre sei o que é possível. Tudo é uma história e eu me garanto todas as possibilidades de enredo. Estou preso nisso. É aterrador.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

tudo parece mais limpo
uma perda limpa tudo
mas é uma limpeza de falta,
contenção e, estranhamente, de paz

paz sem prazer

terça-feira, 6 de novembro de 2007

7 anos


Eu nem sei com quem estou falando, mas é preciso ir dizendo. Eles já sabiam que filhos não nascem senão parecidos com os pais. Eu também sabia. Tratávamos assim do que era possível com aplicação e intensidade.

Além disso, eu também sabia da minha baixa auto-estima e confiava nela. Não acreditando eu chegaria a algum lugar; algum lugar que eu queria. Onde eu encontraria eu só pra mim. Mas não podia começar a me gostar antes disso.

E deles? Deles eu gostava demais. Era bonito porque, embora esse amor fosse expresso inclusive por palavras, ninguém tomava propriamente conhecimento disso. Vivíamos: eles dando conta de tudo sobre mim, de como eu poderia crescer me alimentando do que há. De como eu deveria cuidar da hora de dormir, escovar os dentes e aparecer diante das visitas, e sorrir para as visitas e aceitar sem cara de asco o desejo destes alheios em devorar minha face. Portanto, de como eu poderia vir a ser para tudo. Mas eu só queria ser um tirano de coração frágil, como eles. Como eles ter cinco metros de altura, um cúmplice e desprezo de amor por um menor. Aprendi a ser ansioso como forma de acelerar a vinda da transformação final que me traria a carcaça do novo eu. Gigante que ocuparia como prêmio pela aplicação em ser então esta simples coisinha necessária que colore, enfurece e faz engasgar de ternura.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

este dia, por exemplo, é hoje
e não amanheceu neste planeta
do que vem dele e em mim passeia
sinto, às vezes, água que gira a roda
às vezes, vento que me encobre parte de areia
desta vida sem arte
me falta a sorte
da luz quando me incide negra
e dilata-me os olhos para além da face
e eles pousam de volta ao solo
choro
como se fosse em Marte

sábado, 20 de outubro de 2007

Sobre as atividades humanas e a primeira conclusão metafísica: No mundo existem coisas.


"Quem a mim me nomeia o mundo? Estar aqui no existir da Terra, nascer, decifrar-se, aprender a deles adequada linguagem, estar bem

não estou bem, Ehud

ninguém está bem, estamos todos morrendo

Antes havia ilusões não havia? Morávamos nas ilusões. Ehud, e se eu costurasse máscaras de seda, ajustadas, elegantes, por exemplo, se eu estivesse serena sairia com a máscara da serenidade, leve, pequenas pinceladas, um meio sorriso, todos os que estivessem serenos usariam a mesma máscara, máscaras de ódio, de não disponibilidades, máscaras de luto, máscaras de não pacto, não seria preciso perguntar, vai bem como vai etc., tudo estaria na cara

Não pactuo com as gentes, com o mundo, não há um sol de ouro lá fora, procuro a caminhada sem fim, te procuro (...), a viva compreensão da vida é segurar o coração. me faz um café".
Hilda Hilst (Trecho de A Obscena Senhora D)
obs. minha: Não sou tão desatento quanto parece, a pontuação e os espaços são assim mesmo

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Acidentes [4(de4)]


A segunda história é também a última (quem não suspeitava?...), porque a que eu tinha preparado para ser a terceira já me entediou e o segundo final do que foi a primeira quase vale por mais uma. Não?
Assim, a última história é a do homem na Espanha que comprou uma casa de praia em um leilão de coisas cujos donos as perderam porque pararam de pagar as prestações. Ao visitar o novo imóvel pela primeira vez, ele encontrou a antiga dona da casa no sofá da sala, mumificada pela maresia, sentada há seis anos, quando pagou uma prestação pela última vez e começou a ficar endividada com a financiadora. Esta senhora que nunca tinha sido exatamente vívida pelo menos tinha antes alguma atividade e um certo teor de água em sua constituição física. Seis anos atrás, porém, ela parou totalmente de se mover e oficializou sua não-existência. Depois, contou-se também, que ela tivera irmãos e filhos que viviam em Madrid, de amigos nunca se ouviu falar e a polícia jamais registrou um relato de desaparecimento seu.

Eu, que além de coisas, gosto de pensar em não-coisas, imagino se é verdadeiro pensar que esta senhora desapareceu do mundo. Ou melhor, talvez sua morte seja de um período muito anterior ao de seis anos atrás. Quando é que ela deixou de existir? Quando foi seu último "aparecimento"? Tivesse eu alguma autoridade na Espanha e determinaria, a respeito da morte ou desaparecimento dessa mulher o seguinte: que em vez de se fazer uma certidão de óbito baseado na análise físico-química de um pedaço de múmia que se procure a pessoa que relate a mais recente lembrança provocada por sua presença e se registre nesta data seu falecimento, caso não se encontre tal relato, que seja anulada sua certidão de nascimento.


PS: Ironicamente, e talvez para me pôr na insegurança de quem pressente pensar errado, dou-me agora conta de que, como um faraó que que viveria eternidade afora, pelo próprio tempo ela foi mumificada...



Imagem: Simão Pereira de Magalhães - A Porta

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Onde, agora e só

Vem para o agora
e volta sofregamente as mãos
estranhamente o tronco
num retrocesso de vídeo ao revés
ao inverso
ao invés disso
como um lápis que descai
como rosto que desri
como gato que salta de costas do chão para o ar
põe-se de pé tu e teu hálito, chiclete de menta
de volta ao agora: antes - só onde te vejo
onde só eu fiquei preso, abandonado e solto
me perdi no ex-agora
agora e onde sempre se esvaem
só é fixo; tão fixo, tão sólido
que num só absoluto nem sou
não-coisa, anti-ocorrência
sou coisa sem agora, número um
e nem palavra há de mim.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Acidentes (3)

O outro final, para mesma história tem a particularidade de se encaixar numa possibilidade do real. É assim:
A moça entra em casa, a situação emocional em que todos são colocados ao vê-la é indescritível. Não é apenas como seria o caso de descobrirem antes do velório o engano. A estranheza inicial de estarem em presença, ao mesmo tempo, de seu corpo inerte e dela mesma coloca-os numa confusão mental de quem experimenta uma intervenção do fantástico no real, uma concretização do absurdo. Em seguida, evidentemente, o engano é desfeito e assim que todos recuperam seu apoio no mundo como ele sempre foi, generaliza-se entre os presentes o alívio e a euforia, especialmente para sua mãe. A velha mulher que achava o suicídio pouco cristão renovou suas esperanças no espírito da filha, que ela tinha percebido sempre um pouco desencontrada e capaz de não amar a si própria o suficiente ou não temer mesmo, suficientemente, a ira divina. E isso mesmo é o germe do que muda o olhar da moça após o acontecido. Após a própria morte prematura, permanecer entre os seus e conhecer os juízos que fariam a seu respeito dentro da possibilidade de sua ausência. De pronto acreditaram que o corpo suicida nas pedras era ela? Ela avisou que sairia de casa naquela noite e passaria fora um bom tempo. Acharam que a despedida significava mais que o explícito: que ela sairia de casa naquela noite? Por quê? O que ela havia sido até então que a tornara uma potencial suicida para quem a conhecia? No cadáver estranho e um pouco desfigurado que ela tinha encontrado na sala ao chegar e sobre o qual choviam olhares consternados, de fato, era possível imaginar muitas feições iguais às suas. Mas também era possível não imaginar. O que os fez reagir do primeiro modo? Qual a distância entre o que se tenta ser e o que isso representa para as pessoas para quem se tenta ser? "É que tem coisas que pensam da gente, que machucam". Foi a frase que ela mais repetiu para si mesma, na sua aflição de espírito emocionalmente honesto, tentando justificar seu inesperado desapontamento em contraste com a inédita alegria que ela mesma causou.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Acidentes (2)


Enfim, as histórias.


A primeira é de uma moça na Argentina que, voltando de uma festa para casa, e tendo por isso passado fora as vinte horas anteriores, encontrou a família e vários amigos (os que não estavam na festa) velando seu corpo na sala de estar. Já que eu não disse antes que não estava fazendo realismo fantástico, preciso agora pateticamente explicar que não era mesmo o seu corpo e fora um engano. Outra moça se suicidou e foi encontrada nas pedras. Havia semelhança física e alguns logo acharam que era ela; e todos finalmente ficaram convencidos quando a própria mãe a reconheceu.

O final é que ela entrou em casa e todos choraram de novo, desta vez de surpresa e alegria. E só porque o engano foi desfeito é que eu sei da história toda e a moça não é simplesmente uma desaparecida.



Mas nós, que ouvimos histórias e nos interessamos inclusive pelas reais, não as ouvimos só porque assim nos inteiramos de fenômenos espaço-temporais. Aliás, isso seria ouvir sem porquê. Gostamos delas como acréscimo de nós mesmos. Como coisas que ganhamos e se tornam nossas, se tornam nós.

Assim eu sei dessa história e porque agora ela é minha, gosto de imaginar outros finais. Num deles, a moça antes de entrar em casa, ou melhor, antes de entrar em casa completamente e a verem viva, percebeu o que estava acontecendo, voltou-se e sumiu no mundo. Entendeu que mais do que a realidade mesma o que nos implica, é como as pessoas pensam que ela é. Pessoas nos implicam. Aceitou assim o seu desaparecimento para estes, renasceu com outro nome e teve, daí em diante, uma experiência de vida após a morte - coisa que muitos neste mundo desejam mas não têm coragem ou oportunidade. Primeiro no Chile, depois não se sabe onde.




Pausa pra respirar...
Imagem: Luís M. Gomes - Diálogos

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Acidentes (1 de não sei ainda quantos...)


A sucessão de acidentes que me fez aqui estar têm, no seu resultado, algo que ainda os faz de alguma forma subsistir. A propriedade final do acidente é fixar-se? Faz diferença que tenha ocorrido algo que não se fixou?

Não é estranho, meu caro, que ter nas mãos alguma rédea, no meu caso, linha de pandorga, que dê alguma direção à própria vida seja um sentimento tão difícil de se ter? Especialmente quando se crê nele? Eu cri: eventualmente me ocorreu, eu acho, de ter essa linha nas mãos. Foi claro para mim nesses momentos que o poder de decisão que eu tanto pedi, por falta de bom senso, enfim era meu. Eu soube então fazer o que queria? Fiz? Seja lá o que tenha feito, até por ingratidão chamo-o acidente. Até por ingratidão é que eu duvido. Ingratidão é minha forma de seguir descobrindo, como bom inseguro.
Eu tenho três histórias pra contar, mais tarde...


Imagem: Hernâni faustino - Sem Título

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Angústia do Dia

Do que há hoje em mim
prescindo de quase tudo
pressinto tudo quanto é sentimento mudo
que mais uma vez me prende

(Então sussurro de fora pra dentro: Eu só quero que tudo dê certo!)

sábado, 8 de setembro de 2007

Pedidos (entre parênteses)


Eu não gosto de ouvir

(me fala)

o que posso ter só

por estar do teu lado.

Eu não gosto de falar.

(te ouço)

Silencioso em,

entre (entre), sobre, no

enleio

licencioso do teu olhar

verde-água-que-molha eu

inteiro sou

teu.

Como que por encanto

(dominador de monstros).

Não sem uma ponta

(aguda) de espanto

leva-me tu

a um canto (o mais quente)

do teu

eu.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Independência/Dependência

Debaixo das pontes que passam sobre o arroio Dilúvio na Avenida Ipiranga, pequenas luzes amarelo-ouro acendem e apagam, iluminando-ocultando enegrecida fumaça densa que mal cobre (como a ponte) cabeças duras com olhos profundos de susto perdidos no breu que há (por toda parte).

sexta-feira, 24 de agosto de 2007


- O médico acha que é no intestino, agora.
- Como assim, acha?
- Mandou fazer uns exames, mas tem todos os sintomas. Me disseram que a radioterapia ali perto... sabe? - faz um gesto indicando - pode acontecer...
- Mano, o vô vai morrer.
- Vai.



Foi ele que me disse mas, desnorteantemente, ao mesmo tempo me ocorreu que meu irmão ainda não tinha entendido. "Vai", ele concordou, com o mesmo constrangido ar grave meu e de todo mundo ao falar nessas coisas: morrer.
"Ele só tem 19 anos", pensei, e antes de completar o pensamento me dei conta,"...de vida". Mais uma vez diante de uma situação como essa, estou perplexo ante o óbvio que soa até ridículo: não temos experiência de morte. Aliás, morte parece mesmo algo como isto, anti-experiência. Em relação a ela tenho os olhos arregalados e as pupilas monstruosamente dilatadas de quem quer ver no escuro. Não vejo, como todos ou, ninguém. Também não vejo e não apreendo o que mal me pode ser dito. Ninguém alcança. Meu irmão, eu, ou meu avô - que ainda não morremos - nenhum de nós têm sequer um segundo de morte. Mas entre nós todos, continuamos sentindo-a mover-se furiosamente, suavemente...

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Desconserto

Quero ter um poema
quero ler um poema
quero ver um poema
com cara de interrogação.

(eu não, o poema...)

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Melancolia Nonsense


O que sai da minha boca
menos que anormal, soa grotesco, desonesto, ridículo
por ter referido o que pouco importa?

No meu mundo, porque não me sinto à vontade em lugar nenhum,
tenho sempre irresistível vontade de me acomodar no primeiro chão macio que vejo.
Então passa devagar, por favor,
que eu quero ver a névoa.

Isso me lembra de uma antiga realidade,
que vem sob efeito de chocolate e pesadíssimo café:
Meu pai não poria n’água um barco com o meu nome.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Amor aos fatos

Sobre o Werther, seus extremos de humor e porque o movimento romântico se esgotou.
A esse jovem, intenso e apaixonado, foi negado o paraíso e, por isso, só lhe restava o inferno. Não lhe ocorreu que estando fora a possibilidade de ter sua adoradíssima e perfeita Carlota nos braços, para não cair na total escuridão miserável, sua vida poderia ter sido simplesmente neutra e boa? O que mais quer o ser humano? É possível descobrir? E quando descobre, sua situação é extrema igual a do pobre Werther?
A miséria humana não me salta aos olhos, realmente. No entanto, esse assunto que é para mim constante, ainda que intermitente, retorna sempre através do impressionar-se com algum aspecto da realidade justamente porque tinha passado a maior parte do tempo oculto. O mesmo vale para o contrário disso. Agora, por exemplo, me ocorre de estar encantado e surpreso de que algo no final desta tarde me traga satisfação. Um momento da vida ordinária e coletiva que, Deus me livre de racionalizar, se revelou e me fez sorrir. O lúdico e o lírico são criados por meus olhos, mas também estão no mundo. E isso me faz ver que exatamente o mesmo vale para o miserável e o ridículo...
Apesar disso, não vivo numa interjeição ininterrupta. Para mim é necessário que a maior parte do que vejo seja suportável e, mesmo, de uma certa nulidade. Como é impossível uma vida toda num correr de lástimas (vide o desfecho do romance citado), do mesmo modo agüentaria alguém, mesmo o desmiolado Werther "ver surgir o paraíso a cada passo, (...) numa vida de adoração continua"?

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

8 de fevereiro


"Há oito dias faz um tempo medonho e isso me causa regozijo. Pois, desde que estou aqui, não se passou um só dia bonito sem que um importuno não viesse envenená-lo e deteriorá-lo. Pelo menos, visto que chove e faz vento e gela e o gelo derrete-se, não pode estar, digo a mim mesmo, pior em casa do que lá fora, nem melhor no campo do que na cidade, e fico contente... Se o sol nascente promete um belo dia, não posso deixar de exclamar: 'Ora, aí está um favor do céu que eles não podem arrebatar um ao outro!' Não há nada neste mundo que não se arrebatem uns aos outros: saúde, auto-estima, alegria, repouso! E na maior parte das vezes por imbecilidade, desinformação e estreiteza e - a gente o percebe quando os ouve atentos - apresentando a melhor das intenções. Tenho vontade às vezes de lhe pedir de joelhos que sejam piedosos uns com os outros e não se rasguem as entranhas com tanta fúria."



Goethe (Os Sofrimentos do Jovem Werther)

sexta-feira, 3 de agosto de 2007


Eu não tenho nem coragem de dizer e então não digo. E desde isto ocorre que não sei ser mais nada muito bem. Até esse desgraçado jovem romântico, cuja aura há dias me ronda e hoje enfim o encarnei, até isto sou de um modo pouco exato e não convincente. Destas todas, as coisas, não consigo fazê-las uma a uma e aplicadamente. Sou agora macio e intransigente com relação a tudo que me atrasa. Mas aí vem hoje, que não amanheceu tão frio e qualquer coisa com isso que ficou menos dura e um pouco vulgar. Daí, com minha cabeça vi, pela janela do trem, algo que fez chover: o problema fundamental do conhecimento, o ser e as implicações de não-ser, blá blá blá metafísico e tudo o mais. Pronto, já me distraí. Agora, passa devagar que eu vou olhar bem para a névoa. Mas então, então me lembrei do que não queria dizer e disse. Tão baixinho que nem eu ouvi.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Tema de abertura


Pedi ajuda, me sugeriram e eu acatei. O motivo do blog: porque eu quero me demonstrar.

Pronto. Daí para trás já é investigação psicanalítica. Porque o sinal que eu mais uso são os dois pontos (:) : estou sempre expressando a minha iminência em dizer algo. Disso, eu sei, advém minha cara de bobo e a impressão que os outros têm de mim - em alguns círculos - de ser um pouco quieto. Não sou, nesses grupos mesmo, falo muito. Sempre menos, no entanto, do que havia demonstrado que iria dizer.