domingo, 22 de fevereiro de 2009



Para fazer uma campina
basta um só trevo e uma abelha.
Trevo, abelha e fantasia.
Ou apenas fantasia
faltando a abelha.

Emily Dickinson

(Trad.: Idelma Ribeiro de Faria)


Imagem: Pablo Gama



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Sobre o valor estético dos fatos, as pessoas e eu, e... Dorian?

Pessoa.

Ainda a respeito de como terminar aquela história e de como era esperado que as coisas tivessem sido(continuo com este problema de sempre voltar num assunto), me ocorreu de escrever algo assim:

'E a despedida nossa, promessa grandiosa de desespero e emoção à italiana, se esfacelou em pormenores vulgares'.

Aí, mais tarde, no mesmo dia, eu me deparei com isso no Dorian Gray:
"(...)Por que não consigo sentir esta tragédia tão profundamente como desejaria? Que te parece?
(...)
- Para mim a verdadeira explicação é a seguinte: acontece muitas vezes que as tragédias reais da vida ocorrem de maneira pouco artística e nos ferem pela sua violência rude, sua incoerência total; pela ausência absurda de significação e absoluta falta de estilo. Afetam-nos exatamente como pode nos afetar a vulgaridade. Causam impressão de força bruta que nos revolta. Às vezes, porém, a tragédia dotada de elementos de beleza artística atravessa-nos a vida. Se esses elementos de beleza forem reais, o drama apela para o nosso senso de efeito dramático; de súbito, percebemos que já não somos atores e sim expectadores da tragédia. Ou melhor: somos uma e outra coisa. Contemplamo-nos, e a simples singularidade do espetáculo cativa-nos. No caso presente, que aconteceu de fato? Alguém suicidou-se por amor a você. Quem me dera ter tido alguma vez esta sensação!"

Olha, Pessoa. Nisso tudo, digo do real já ido, vês também o horror que se transfigura em graça desmedida? Ou foi só constrangimento insensato mesmo? E o contrário disso e todo o resto que ainda somos, que é?