sábado, 4 de dezembro de 2010

O ser do poema

Poesia não é para nada.
Poesia tu juntas pela rua
toma banho, esquece,
e sai pelado.

Poesia me tira a vontade
poesia não vem
(me afasta)
É para não ter graça
tira a casca e engole crua.

Não é luz dourada, não é âmbar e nácar
é madeira verde, nem talhada
escultura magnética
estátua de Budha em terracota
miolo de pão.
Tu a vês ali,
e nem era o altar que preparaste pra ela.

Poesia não vende: compra.
Mentira, não compra,
dá a si mesma e não fica.

Vê-la, se quer-se, é muita.
Para dizê-la, todavia, sobre-rara
Sequer coisa que anda, chama e espera.
Tenha olhos, a veja, e vá a seu encontro.
E que o resto seja dela.