Sou um dos portadores do ovo que desconheço. Há tempos já recebeu um nome, é o Ovo. Não fui eu quem o deu, e um nome, se sabe, pode ser dado para nada. O Nada, por exemplo, às vezes é um nome. Porto um ovo, todavia, mal o sabendo dizer como já o disseram antes e melhor.
Não escrevo senão estranhando os sentidos. Reformando as palavras. Tateando sempre um novo nome para o que conheço plenamente. Sensitivamente interno e mineral. Matéria pura. Que desconheço, no entanto, positivamente, desconformadamente, em um sentido reto e verbal. Coisa absolutamente real e sem forma. Gestação inacessível que não seria mais angústia se se tornasse enfim a postura real do objeto por ora amorfo, mas natural.
* * *
Há um excesso de imagens em tudo o que eu expresso. Talvez por muita ânsia em trabalhar tudo o que eu absorvo. Procuro muito. Vejo muito. Aí concluo que expresso pouco, ou mal ao menos. Talvez seja o caso de comer menos. Minha cabeça demonstra no que pesa o tamanho de seus excessos. É tempo apenas de ficar parado e não ouvir, não ver, não tocar mais. E trabalhar com o que há. É o caso, porém, que me encontro superestimulado. Não vejo satisfação duradoura da minha ânsia em possuir alguma coisa. É tudo imperdível, tudo priorizável e torna-se impossível caminhar sobre somente uma trilha, trilho. A priorização, aliás é sempre extrínseca. Só encontro ordenamentos que vêm de fora, aí é opressão e eu sou, mais do que o resto, um rebelde. Torno-me, por isso, a imagem ideal da geração superficiosa, hiperativa e fragmentária. Estou obeso por dentro.
Não escrevo senão estranhando os sentidos. Reformando as palavras. Tateando sempre um novo nome para o que conheço plenamente. Sensitivamente interno e mineral. Matéria pura. Que desconheço, no entanto, positivamente, desconformadamente, em um sentido reto e verbal. Coisa absolutamente real e sem forma. Gestação inacessível que não seria mais angústia se se tornasse enfim a postura real do objeto por ora amorfo, mas natural.
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Há um excesso de imagens em tudo o que eu expresso. Talvez por muita ânsia em trabalhar tudo o que eu absorvo. Procuro muito. Vejo muito. Aí concluo que expresso pouco, ou mal ao menos. Talvez seja o caso de comer menos. Minha cabeça demonstra no que pesa o tamanho de seus excessos. É tempo apenas de ficar parado e não ouvir, não ver, não tocar mais. E trabalhar com o que há. É o caso, porém, que me encontro superestimulado. Não vejo satisfação duradoura da minha ânsia em possuir alguma coisa. É tudo imperdível, tudo priorizável e torna-se impossível caminhar sobre somente uma trilha, trilho. A priorização, aliás é sempre extrínseca. Só encontro ordenamentos que vêm de fora, aí é opressão e eu sou, mais do que o resto, um rebelde. Torno-me, por isso, a imagem ideal da geração superficiosa, hiperativa e fragmentária. Estou obeso por dentro.
2 comentários:
"Estou obeso por dentro".
André, MATOU. Adorei, eu te entendo perfeitamente. Difícil mas belíssimo texto. A cada leitura uma nova nuance. Parabéns.
Lilly,
Muito obrigado, tenho certeza de que tu entende mesmo.
Este texto faz parte dema série que eu venho estudando/fazendo em função dessa necessidade de ser mais simples. Uma certa busca de mais completude.
Obrigado pela audiência! Beijo
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