Eu não quero mais te endereçar nada. Minha vida, chega de terceiros, sim? E também não quero que o que vem agora, através desta caneta seja o jorro indistinto que já conheço tão bem e começa a subir feito fervura. Eu sei bem o que limpo disso depois.
O que eu queria era uma vida qualquer, de ocupações honestas ou desonestas, mas sem filtros. Me falta o ver-o-novo de quem sempre realiza. Mas só afasto-me de tudo o que pode se realizar e vivo no mau sonho. Nem eu me salvo. Não posso, portanto, ter a esperança de me salvarem um dia. Se chegam agora, pessoa ou coisa em meu socorro, não poderei me jogar daqui. No fim á a gente apenas que salva a si próprio. Para além disso o que existem são meios.
Outra coisa: ver tudo como se fosse ser visto mais tarde. Como se daqui a uns minutos passados disso eu fosse ter um palco onde apresentar o que se acumulou. E diante de olhos expectantes: "olhem, estas são as minhas coisas", "foi isto que estive fazendo". Na verdade ainda creio nisso.
Tem um pessoal me seguindo e querendo me ver. Mas sou cego e não dou por isso. Apenas ouço murmúrios mal contidos e me sinto acuado. Não tenho a quem recorrer porque nada é concreto de se descrever e não tenho quem concorde comigo.
Por isso elimino todas as minhas possibilidades de realização? Me esquivo de conquistas? Invisto só em frustrações. Depois dou um jeito de lidar com elas.
*em um diário, já antigo.
imagem: Ana. - Exaltação de um turbilhão multicolorido I
http://www.olhares.com
5 comentários:
Oi, André, taí: o roxo é só uma das cores que a gente pode sacar da caixinha de lápis coloridos. Ou do arco-íris, quem sabe. A gente cria com qualquer coisa!
Bjos, Drix
Pois, é Dri!
É que andei esbarrando na caixinha e espalhei todos. Na verdade rolaram escada abaixo. Tive que descer uns dois andares. Mas tá valendo a pena, já estou ficando com um punhado de cores nas mãos.
Valeu por aparecer. Venha sempre! Beijo de barítono!
Oiii, boa resposta, Sr. Barítono! Também já sou sua leitora como pode ver, vou te adicionar lá no Bocca (que não é o Juniors, claro!!!)
: )
sabe que a pouco tempo atrás tb perdi minha caixinha... na verdade por certos momentos até esqueci de como se escreve... O certo é que não desisti, busquei reaprender o ABC, e também sempre contei com pessoas queridas do meu lado que me emprestaram seus lápis...
acho que é por isto que existem tantos lápis, pra gente poder emprestar pros colegas... se precisar de algum é só pedir...
amo-te...
beijocas...
Postar um comentário