quinta-feira, 13 de novembro de 2008


A pura verdade é que não dormi naquela noite. Naquela em que você me disse: "volta", e eu ignorei a mensagem. Pensei que poderia voltar ao mesmo tempo em que me dei conta de que não, sempre soube que, depois de ter ido, não poderia. Ignorei então de novo e soube que eu iria sofrer sabendo que você sofreria mais. No dia seguinte fui dormir às seis da tarde: sonhei que corri atrás de você na rua e toquei teu ombro pensando "há quanto tempo!", você se virou e eu disse "não me perdoe, porque você não deve, não é o caso, mas olha, o que eu fiz não foi a satisfação de um desejo". Ficou bem a frase completa, mas na verdade, só a primeira parte aconteceu mesmo, isto é, sonhei mesmo. Essa coisa do desejo eu pensei depois de acordar. Incluo agora na re-invenção imaginada dessa história toda a parte que eu quase gostaria que tivesse acontecido, não fosse o caso de cada uma delas estragar tudo, toda naturalidade do que foi. Porque somos esses que isso viveram, isso nunca poderia ter sido outra coisa. É.
imagem: José Meneses - Splash