"Isso" - eu disse - "é vivência".
Que bom que tu voltaste a ler,a ver tuas coisas. A recapturar um tu mesmo para além do que a gente compra, bebe, assiste na TV. Antes não precisavas. Era eu que te alimentava de fluidos - mais que isso: de espelhos, de danças loucas, de brilhos de espaçonaves. Aí, me faltaram (os meus). Fiquei exausto, mas estão por aqui ainda. Se há vantagem nisso tudo é eu ter descoberto que a fonte não seca. Não cessa de produzir os objetos claros, recobertos de cromo brilhante e com furta-cores de que tenho e sou. Estou esvaziado parcialmente, mas não sou vazio, tenho bastante de mim para esperar e, desta vez, manter por aqui. Mas olha, aproveita. Aproveita disso tudo que tiveste guardado bem no fundo (eu quase nem vi), enquanto vivias só de mim. Tira um pouco a casca grossa que se formou por cima, apagando a superfície que era luzidia nuns tempos e usa. Te come, te veste e mantém. Já que agora posso, te asseguro: não precisas economizar, não gasta, não seca. A fonte que em mim não terminou, tu bem podes perceber, já que usou, de certo tu também a tens.