É, minha filha (mulher chorando no trem). Também te parece que isso é o que mais temos feito ultimamente? Por que é que estamos salgados, anjo meu? Mulher de cabelo oxigenado, um roxo-amarelado no braço, encostada à parede numa parte onde não tem janela, olha através como se tivesse. Aonde foi que chegamos, você e eu, se tivermos já chegado? E onde foi que vacilamos, se for por mau passo (antigo como a própria expressão) que estamos respondendo agora? Eu queria um mais doce, um mais dito. Um mal dito, mal feito, mal assombrado. Um mal-assombro é o que sinto vendo a nós - seres que éramos do lado simples - aqui do lado da paixão roxa-fosforescente, luz negra que não se usa para ver. Escarafunchamos deste lado nosso amesquinhado virar-se do avesso, constrangedor, não desejado e ainda assim orgulhoso. Como certa mulher a que assisti uma vez, tendo que juntar sacola arrebentada num banco de parque. Seus objetos expostos, seu brutíssimo cenho ao expô-los. Ah, ela ainda não precisara odiar tanto naquele ano.
Sai, pode sair letra representativa dessas negras coisas. Sal de coisa mal enxaguada. Sai pela culatra, pela língua em fôrma sólida e não cursiva. Personifique-se latência explorada diante da tal especialista. Me sinto filho de carne crua.
Sai, pode sair letra representativa dessas negras coisas. Sal de coisa mal enxaguada. Sai pela culatra, pela língua em fôrma sólida e não cursiva. Personifique-se latência explorada diante da tal especialista. Me sinto filho de carne crua.
Perdi a mulher que chora. Onde está? Preciso de mais dureza patética, cinza, roxa, negra, vulgar.
imagem: Carlos Tavares - Sem título
(www.olhares.com)