quinta-feira, 8 de novembro de 2007

tudo parece mais limpo
uma perda limpa tudo
mas é uma limpeza de falta,
contenção e, estranhamente, de paz

paz sem prazer

terça-feira, 6 de novembro de 2007

7 anos


Eu nem sei com quem estou falando, mas é preciso ir dizendo. Eles já sabiam que filhos não nascem senão parecidos com os pais. Eu também sabia. Tratávamos assim do que era possível com aplicação e intensidade.

Além disso, eu também sabia da minha baixa auto-estima e confiava nela. Não acreditando eu chegaria a algum lugar; algum lugar que eu queria. Onde eu encontraria eu só pra mim. Mas não podia começar a me gostar antes disso.

E deles? Deles eu gostava demais. Era bonito porque, embora esse amor fosse expresso inclusive por palavras, ninguém tomava propriamente conhecimento disso. Vivíamos: eles dando conta de tudo sobre mim, de como eu poderia crescer me alimentando do que há. De como eu deveria cuidar da hora de dormir, escovar os dentes e aparecer diante das visitas, e sorrir para as visitas e aceitar sem cara de asco o desejo destes alheios em devorar minha face. Portanto, de como eu poderia vir a ser para tudo. Mas eu só queria ser um tirano de coração frágil, como eles. Como eles ter cinco metros de altura, um cúmplice e desprezo de amor por um menor. Aprendi a ser ansioso como forma de acelerar a vinda da transformação final que me traria a carcaça do novo eu. Gigante que ocuparia como prêmio pela aplicação em ser então esta simples coisinha necessária que colore, enfurece e faz engasgar de ternura.